Juventude em Pausa: Conheça os nem-nem

Nos últimos anos, o aumento do número de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham – os chamados "nem-nem" – tem se tornado uma preocupação crescente. Dados recentes da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, divulgados durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), revelam que o contingente de jovens "nem-nem" subiu de 4 milhões nos primeiros três meses de 2023 para 5,4 milhões no mesmo período de 2024.

CARREIRA

Sidney Hamada

6/4/20242 min ler

Nos últimos anos, o aumento do número de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham – os chamados "nem-nem" – tem se tornado uma preocupação crescente. Dados recentes da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, divulgados durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), revelam que o contingente de jovens "nem-nem" subiu de 4 milhões nos primeiros três meses de 2023 para 5,4 milhões no mesmo período de 2024.

Essa realidade complexa exige uma análise profunda e estratégias eficazes para reverter esse quadro. Aqui, compartilho algumas reflexões sobre os fatores que contribuem para esse aumento e possíveis soluções para integrá-los de volta ao sistema educacional e ao mercado de trabalho.

Um dos principais fatores apontados para esse aumento é a dificuldade das mulheres jovens em ingressar no mercado de trabalho. Segundo Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, as mulheres representam 60% do total dos "nem-nem". Esse número é impactado por questões culturais e sociais, como a expectativa de que as mulheres assumam responsabilidades domésticas desde cedo.

A informalidade é outro grande desafio. Dados indicam que 45% dos jovens ocupados trabalham na informalidade, comparado com a média nacional de 40%. Isso se deve, em parte, ao predomínio dos jovens em micro e pequenas empresas, onde a formalização do trabalho é mais lenta.

Quando comparado a outros países, o Brasil apresenta um cenário preocupante. Na União Europeia, por exemplo, o percentual de jovens "nem-nem" varia entre 10% e 15%, bem abaixo dos índices brasileiros. Isso reflete a necessidade de políticas mais robustas e programas de apoio à juventude no Brasil.

Para enfrentar esses desafios, o governo federal lançou programas como o Pé-de-Meia, que oferece incentivos financeiros para que jovens de baixa renda concluam o ensino médio. Embora os efeitos desse programa só possam ser avaliados a longo prazo, iniciativas como essa são passos importantes para manter os jovens na escola e, eventualmente, no mercado de trabalho.

Além disso, o número de aprendizes e estagiários tem aumentado significativamente. Entre 2022 e 2024, o número de aprendizes cresceu para 602 mil, enquanto os estagiários aumentaram 37%, totalizando 877 mil jovens. Esses programas oferecem uma ponte crucial entre a educação e o emprego formal, proporcionando experiência prática e formação técnica.

Para resolver a questão dos jovens "nem-nem", é essencial promover a educação contínua e a formação profissional. Reforçar programas de estágio e aprendizagem vinculados ao ensino técnico e profissionalizante é fundamental. Além disso, políticas que incentivem a formalização do trabalho jovem e apoiem a inclusão das mulheres no mercado são necessárias.

Em suma, a inclusão dos jovens no mercado de trabalho e na educação é um desafio que precisa ser enfrentado com urgência. Precisamos criar um ambiente que ofereça oportunidades reais e viáveis para que eles possam desenvolver suas carreiras e contribuir para o crescimento do país.

Fontes:

  • Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego

  • Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE)

  • Agência Brasil

  • Eurostat (dados comparativos sobre a União Europeia)